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MARIA ANGÉLICA BUSTOS
( Chile )

 

(1959-2011)

 

ARIAS DE LA CANA, Fredo, org.   Estudio protoidiomático.  Poesia cubana  - Portada:    Dos mujeres, de Victor Manuel García Valdés.  México:  Frente de Afirmación          Hispánica, 2021.  28 p.  
Ex. doação do livreiro Brito – DF

 

TEXTO EN ESPAÑOL – TEXTO EM PORTUGUÊS

                A veces la palabra

A veces la palabra es alondra que canta.
Es vuelo de paloma
de una boca a otra boca.
Semilla luminosa prodigando al mañana
árboles de alba copa.

Es un río de fuego que al corazón inflama,
que la idea fecunda,
que va incendiando todas
las márgenes humanas.

Es faro salvador en la mar tormentosa.
Aroma que a los cielos
asciende en la plegaria.
Es beso de la aurora,
es bálsamo, rocío, comunión necesaria,
diálogo sin fronteras de la alfalfa y la rosa.

A veces la palabra
es el cuervo que grazna.
Es traicionera flecha
surcando entre las sombras,
galope de mil furias desatadas,
del murciélago el ala tenebrosa.

Es una fruta amarga caída de la rama.
La torre de Babel que, en vanas notas,
disonancias desgrana.

Es aguijón, hacer, el látigo en las bocas
.
Es el hielo vertido, escoria derramada,
el agua cenagosa
cuyo hedor va impregnando
lavaduras humanas.
Es una negra víbora
que clava su ponzoña.


A veces la palabra
es turbia catarata que oscurece las almas.


      
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA

 

      Às vezes a palavra

Às vezes a palavra é cotovia que canta.
É voo de pomba
de uma boca a outra boca.
Semente luminosa esbanjando a manhã      árvores de copa alba.

É um rio de fogo que inflama o coração,
que fecunda a ideia,
que vai incendiando todas
as margens humanas.

Es farol salvador no mar tormentoso.
Aroma que aos céus
ascende na oração.
É beijo da aurora,
é bálsamo, orvalho, comunhão necessária,
diálogo sem fronteiras da alfafa e a rosa.

Às vezes a palavra
é o corvo que grasna.
É traiçoeira flecha
sulcando entre as sombras,
galope de mil fúrias desatadas,
do morcego e asa tenebrosa.

É uma fruta amarga caída da ramagem.
A torre de Babel que, em vãs notas,
dissonâncias descaroça.

É ferrão, fazer,  látego nas bocas
.
É o gelo vertido, escória derramada,
a água lamacenta
cujo fedor vai impregnando
lavaduras humanas.
É uma negra víbora
que crava seu veneno.


Às vezes a palavra
é turva catarata que escurece as almas.

 

 

*

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Página publicada em fevereiro de 2023


 

 

 
 
 
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